Perguntas que o governo brasileiro não quer que você faça - Parte 2

2 – O Brasil deu um grande passo com o MEI. Então, porque não há empreendedorismo nas grades escolares?

            O brasileiro é empreendedor por natureza. Disponível no mercado ou não, a criatividade do nosso povo é admirável. Desde vendedores ambulantes, prestadores de serviços aos que se tornam empresários de sucesso. Mas você conhece alguém que sonha, corre atrás e empreende com o objetivo de dar errado, de encerrar as atividades cedo demais?

Em plena Era da Informação onde há maior capacidade de superar as barreiras, de expandir o conhecimento, o governo simplesmente “permite” você fazer o que quiser, mas sequer cogita preparar os indivíduos nas escolaspara potencializar seu sucesso. Já imaginou um jovem recém-formado no ensino médio com aptidão extra para o empreendedorismo? Alguém já viu uma escola organizando visitas técnicas ou levando seus alunos a palestras do SEBRAE, por exemplo?  

Novos números, nenhuma novidade

            A publicação “Sobrevivência das Empresas” do SEBRAE em outubro de 2016, mostrou que de 2009 a 2016, a fatia de mercado do MEI foi de 0 a 6 milhões de empreendimentos. Mostra ainda, que os índices do MEI otimizaram a média da taxa de sobrevivência para empresas de 2 anos¹. Em contrapartida apontou motivos que ocasionaram o encerramento das demais, destaque para a falta de planejamento, baixa experiência na área de atuação e habilidade medíocre para gestão. Além deste fator “Fraqueza” – como em uma análise SWOT, o fator “Ameaça” foi representado em 31% por impostos, custos, despesas e juros¹.   

            Agregados ao fator crise, os motivos apontados pelos empresários como barreiras para seguir com seu empreendimento colaboram para uma realidade que merece atenção. A revista Época apontou em 2016, que a taxa de sobrevivência das 694.500 companhias criadas em 2009 passou de 77% em 2010 para 39% em 2014, ou seja, três a cada cinco empresas fecharam as portas após cinco anos².    

O berço da cultura organizacional

            Eis que a grande questão é o abismo entre o “poder ter um negócio” e saber gerir o empreendimento, ter maiores noções de planejamento e ter capacidade de absorver o cenário que o país atravessa, a exemplo. Cabe mencionar que o ato de administrar, embora essencial para qualquer organização (desde empresas a famílias) e ainda ter grande oferta de especialização com cursos técnicos e superiores, não é de caráter obrigatório para ter qualquer vínculo atribuído entre tal conhecimento específico a começar um negócio, diferente, por exemplo, de ter um CREA para assinar projetos, ser credenciado pela OAB para advogar, ter o CRC para atuar como contador, etc.

            E o SEBRAE? Vamos resumir em uma metáfora: é um programa de regime com acompanhamento de instrutores que você sabe que dá certo, está à sua disposição, mas dá trabalho, as receitas e os exercícios são complexos. Então você prefere os chazinhos caseiros da sua avó.

¹ SEBRAE. Sobrevivência das Empresas no Brasil. Disponível em http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/sobrevivencia-das-empresas-no-brasil-relatorio-2016.pdf . Acessado em: 13 de junho de 2017.

² ÉPOCA. Crise afetou em cheio a longevidade das empresas, mostra IBGE. Disponível em http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2016/09/crise-afetou-em-cheio-vida-util-de-empresas-mostra-ibge.html . Acessado em: 13 de junho de 2017.  

Sobre a série

Conceituando as perguntas que o governo brasileiro, a exemplo, não quer que você faça abordamos uma importante questão relacionada a um sistema sólido de educação que disponibilizado à população potencializa outros pilares importantes para a sociedade como a saúde e a segurança nacional, além da economia em geral. 

Clique aqui e veja a pergunta 1 – Porque não há educação básica financeira/orçamentária nas escolas?

Síntese: Todos querem comprar, ter um padrão de vida superior, ter o eletroeletrônico ou acessório do momento, mas não compreendem as artimanhas das empresas de cartão de crédito, como economizar ou métodos de negociação por descontos.    

Fonte: CELSO WILLIAN PALMA - PROJETOS ECONÔMICOS

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