Porém, a grande diferença na hora de contratar essas consultorias regionais, afirma Marco Túlio Bullio, diretor de controladoria da Santelisa Vale, é a “experiência prática desses profissionais na gestão de um setor que tem suas próprias peculiaridades e que se não observadas, podem levar a frustrar decisões”. Essa experiência da qual fala Bullio foi adquirida por esses profissionais ao longo de anos trabalhando em usinas, destilarias, frigoríficos e etc., exercendo as mais diversas funções em todos os graus de hierarquia, inclusive como executivos de nomes fortes dos respectivos setores e também em conselhos administrativos e fiscais. Décio Baptista Santos, diretor comercial e de marketing da agência de risco Austin Rating, também acredita que essa proximidade com o agronegócio e a compreensão de quais são as necessidades dos empreendimentos ligados a ele são o grande diferencial. “Essas empresas sabem como funciona o mercado de capitais e o agronegócio e isso facilita a ponte entre esses segmentos”. E por disponibilizar “profissionais experientes e testados em cada área de atuação, estas empresas proporcionam um alto padrão nos resultados obtidos”, reitera o diretor do fundo Vision Brazil Investments, Primo Aldrigue Júnior. “Por termos trabalhado durante anos em usinas, sabemos quais são as dificuldades enfrentadas pelas diretorias e de detalhes que podem fazer a diferença nos resultados a serem obtidos”, afirma Françóia, da MBF, que atuou como executivo em grandes grupos do setor. Com toda essa experiência, “é possível decidir pelo sim ou pelo não com a simplicidade de quem gere o próprio negócio, mas com a responsabilidade e seriedade que a decisão exige”, explica Fernando Abussanra, diretor da Agrorisk, outra consultoria especializada da área. Aldrigue, do Vision Brazil, afirma que os serviços prestados com qualidade e eficiência fazem com que o grau de confiança dos investidores nessas empresas seja alto. E é preciso mesmo confiar, afinal, os serviços prestados são de vital importância. Qualquer deslize pode ter consequências muito graves. Por isso, Ricardo Roccia do VREC diz que os contratantes desses serviços “devem estar capacitados para avaliar pontos como ética e a qualidade dos profissionais atuantes na consultoria selecionada”. A opinião é compartilhada por Bullio da Santelisa Vale. “A credibilidade e a ética de quem comanda as consultorias regionais também selecionam os parceiros nos serviços”, diz ele. Outro ponto favorável, de acordo com os entrevistados, é o custo dos trabalhos das empresas regionais, em geral inferiores aos preços cobrados pelos grandes nomes internacionais. As condições para o sucesso são grandes, mas o desafio também é. Para Marcos Françóia, da MBF, mais do que um serviço pontual no agronegócio, a consultoria deve estar atenta em manter alta a credibilidade de um mercado (o sucroenergético) muito manchado ao longo do tempo e que agora vislumbra o seu real potencial. “Isso só é possível maximizando os acertos de quem entra e de quem se expande nesse mercado”, completa ele. Apesar desses e de outros problemas, essas empresas têm visto sua participação no mercado crescer e a expectativa é de mais sucesso no futuro. “Quanto mais difíceis são as condições do mercado e a situação das empresas do agronegócio, mais essencial nosso serviço se torna, pois é preciso acompanhar de perto os investimentos e entender as nuances que permeiam este setor, para poder garantir resultados satisfatórios”, afirma Abussanra, da Agrorisk.