vez, a lavoura canavieira precisa de falta de água e temperaturas baixas, características do inverno na região já mencionada. Corradini lembra que, “durante a safra 2009/2010, os fatores climáticos fugiram muito aos dados históricos da região Centro-Sul”. Na cidade de Ribeirão Preto, maior polo produtivo de cana-de-açúcar no Brasil, por exemplo, choveu em junho de 2009, 62,3 milímetros (mm), segundo dados do Ciagro (Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo. Se fosse somada a quantidade de chuva do mês de junho dos anos de 2005 a 2008 na cidade, o total seria de 69,8 mm. Nos meses que se seguiram, a chuva não deu trégua. Em agosto, o índice pluviométrico registrado no ano passado foi de 124,9 mm, 272% a mais do que a soma dos meses de agosto de 2005 a 2008. Enfim, 2009 terminou sendo o mais chuvoso dos últimos cinco anos em Ribeirão, com um índice pluviométrico total de 1.597,3 mm. “O alto índice pluviométrico prejudicou a qualidade da matéria-prima entregue a indústria, favorecendo o crescimento vegetativo durante toda a safra e aumentando o ganho em fibra e água da cultura, porém, desfavoreceu a maturação da cana, estágio onde está metaboliza o açúcar”, afirma Corradini. O alto índice pluviométrico, apontado como conseqüência do fenômeno El Niño, aconteceu em toda a região Centro-Sul. O gráfico 1 demonstra claramente que, quando há excesso de chuva, a quantidade de açúcar acumulado na cana é menor. Em uma safra chuvosa, de 12 meses, como as últimas duas, a POL atingiu uma média de 12,8%.
Segundo Jair Cézar Pires, consultor agroindustrial da MBF Agribusiness, com a descaracterização do clima no período normal da safra em 2009, a qualidade da cana esteve baixa e a POL não ultrapassou 13 pontos porcentuais. Ainda, ao alongar a safra durante os meses de janeiro a março, a qualidade foi ainda pior, sendo que as perdas, em média, foram de 8%. No gráfico 2 está exemplificada a produção em Unicops de uma safra de 12 meses e uma safra com 8 meses de duração. É importante destacar que na safra considerada tradicional, sem excesso de chuva, a cana é sempre colhida dentro do período de maturação considerado ideal, gerando rendimento e eficiências dentro da média setorial, reduzindo assim as perdas de açúcar no processo agroindustrial. Em uma safra de 12 meses, a matéria-prima que é colhida entre janeiro e abril gera perdas, pois a cana ainda não atingiu o seu ápice de maturação e assim, a indústria recebe uma cana de baixa qualidade, gerando perdas para o processo produtivo.