Na crise de 1999, o produtor de cana, assim como os proprietários de unidades industriais, também os fornecedores de equipamentos e insumos para o setor, lamentavam-se conjuntamente, pois todos foram afetados pela crise.
Agora é diferente. Com o grande volume de capital investido em projetos “green field” e expansão de grupos consolidados economicamente, as fábricas de bens de capital, também de máquinas e equipamentos agrícolas, além de fornecedores de insumos, comemoram os resultados positivos.
Paralelo a isso, a mídia estampa os investimentos e trata do futuro do álcool como sendo a energia limpa e renovável, alternativa para substituição do combustível fóssil e desaceleração a degradação ambiental, fazendo com que o produtor rural sonhe com bons resultados. Todavia, na contramão desta situação, estão aquelas unidades produtoras que se esforçam para conseguir se livrar, sem sucesso, do alto volume de endividamento e custos produtivos fora dos padrões ideais, que as acompanham durante vários anos de altos e baixos e sem muita perspectiva de mercado.
Para essas empresas, a crise atual é ainda muito pior, pois além da margem negativa nos preços (vide tabela na seqüência), seus parceiros fornecedores não baixarão os seus custos e os produtores de cana estão menos flexíveis, acreditando na prosperidade.
Repetindo-se o ciclo de três safras negativas como no passado, podemos estar somente no começo da crise. Dessa, sairão menos prejudicadas aquelas empresas que tem fôlego financeiro para chegar ao futuro próspero que se desponta.
Diante dos fatos atuais, dois ciclos já preocupam pela grande possibilidade de preços baixos, a Safra 2007/2008, que já é fato, e a de 2008/2009 com grande chance de se realizar negativamente.