Colocando na ponta do lápis, o custo de produção ainda é o grande problema para o avanço do etanol celulósico no país. Cálculos de uma fonte de mercado garantem que o investimento na construção de uma usina de etanol 2G (base 2,5 milhões de toneladas processadas) gira em torno de US$ 165,00 por tonelada, com rendimento entre 5 e 6 litros por tonelada de bagaço. Já no processo convencional do etanol de primeira geração, o custo está cerca de US$ 55 dólares por tonelada, com rendimento de 75 litros por tonelada. “Com o tempo esse custo se diluirá pois será produzido o ano todo, mas a o grande empecilho ainda é a questão do alto preço da enzima importada para extrair o etanol. Mas quando as usinas estiverem produzindo o etanol 2G em escala, as pequenas unidades que estiverem processando somente o etanol convencional, não terão margens suficientes para concorrer com aquelas que produzem por 12 meses diluindo seus custos fixos”, ressalta o economista José Nilton Polo.
Segundo ele, parece estar ocorrendo um ajuste de expectativas sobre os prazos de desenvolvimento do etanol celulósico pelo mundo e um desânimo em relação às perspectivas de curto e médio prazo. “O desenvolvimento das primeiras usinas tem demorado mais que o esperado, assim como a utilização das capacidades instaladas. O preço do barril do petróleo precisaria chegar a UU$ 140,00 para que o etanol de segunda geração pudesse ser economicamente viável, sem qualquer subsídio”.
Apesar das incertezas, as vantagens ainda são grandes em relação a outros combustíveis. Esse biocombustível, além de maximizar a produção, foi avaliado pelo Conselho de Qualidade do Ar da Califórnia (Carb), e considerado dez vezes mais “limpo” do que o etanol de cana convencional produzido no Brasil. Através de processos bioquímicos/biofísicos que degradam a celulose contida na biomassa, é possível obter etanol com as mesmas características do seu antecessor. Pesquisadores comprovam que essa tecnologia permite um aumento na produção de até 40% sem a necessidade de ampliar a área plantada com canavial.
Em três anos, essa questão de processo deverá ficar cinco vezes mais barata, segundo uma pesquisa orientada por José Geraldo Pradella do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) de Campinas (SP). Ele testa o uso de fórmulas matemáticas capazes de otimizar a produção da fonte de energia, tornando-a mais atrativa economicamente. “Vamos aguardar e torcer para que os pesquisadores consigam superar os desafios”, finaliza Polo.