Funcionário de consultoria voltada ao setor sucroenergético, Lucas Zanchetta Tesche, 24 anos, estuda Economia Empresarial e Controladoria.
Em Sertãozinho (SP). Cinco meses depois, Tesche foi promovido a analista de projetos econômicos júnior. Sertãozinho é um grande exemplo de que nem só de agropecuária vive uma cidade movida a base do agronegócio. As atividades do campo contribuíram com 0,68% do PIB municipal, na pesquisa do IBGE em 2008, mas a cidade é considerada uma das maiores referências para o setor sucroenergético mundial. Além das sete usinas sucroenergéticas instaladas na cidade, das 550 indústrias sertanezinas, 400 estão ligadas ao setor, segundo José Darciso Rui do Grupo de Estudos em Recursos Humanos na Agroindústria (Gerhai). O município também conta com empresas de consultoria, de controle biológico, cooperativas, instituições financeiras e outros diversos serviços voltados ao setor de cana e energia. Em 2010, somente nas áreas de indústria de transformação, serviços e agroepecuária, a cidade abriu 20.599 vagas, sendo que o saldo, descontados os desligamentos, foi positivo em 12%.
Para se ter uma ideia da variedade de profissionais requeridos na cidade, somente na empresa de consultoria onde Tesche trabalha, a MBF Agribusiness, há profissionais de economia, ciências contábeis, jornalismo, psicologia, administração, agronomia e informática. Outro exemplo é a Biocontrol, que produz e comercializa agentes de controle biológico para manter em equilíbrio as pragas que prejudicam a agricultura. Na empresa atuam profissionais de pesquisa e inovação tecnológica, administração, agronomia e etc. Anualmente, Sertãozinho recebe o maior evento mundial da área de cana-de-açúcar e energia, a Feira Internacional da Indústria Sucroalcooleira (Fenasucro) e a Feira de Negócios e Tecnologia da Agricultura da Cana-deAçúcar (Agrocana), que acontecem simultaneamente, sendo que a Fenasucro é voltada ao setor industrial e a Agrocana, ao setor agrícola. Com tantas empresas ligadas ao setor sucroenergético na cidade, a necessidade de mão de obra especializada é grande. Visando capacitar trabalhadores para atender essa demanda, o Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis (Ceise Br), uniu-se ao Inepad, a Unica e a Orplana e criou a Uniceise – Universidade Corporativa do Setor Sucroenergético. No Uniceise são desenvolvidos programas de extensão vocacionados a atender demandas técnicas de formação, MBAs e MTA gerenciais temáticos com nível lato sensu, e um Programa For Presidents, voltado exclusivamente a Diretores, Vice-Presidentes e Presidentes de empresas do Setor de Bioenergia. Na vizinha Ribeirão Preto, apenas parte de uma usina funciona, atualmente. Porém, a cidade é o centro de negócios da região. Lá funcionam empresas de comunicação voltadas ao agronegócio, empresas de consultoria, tradings e muitos outros serviços voltados para o agronegócio canavieiro. A cidade, inclusive, é sede de um dos escritórios da Unica. Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, em abril, Antonio Vicente Golfeto, diretor técnico do Instituto de Economia, da Associação Comerciale Industrial (ACI) de Ribeirão, afirmou que “Ribeirão é o centro do agronegócio desde os tempos do café, uma cidade-residência dos empresários. Se a região toda fosse uma fazenda de 85 municípios, Ribeirão seria a sede, onde se faz negócio, não onde se planta a cana.” Há pouco mais de 200 quilômetros, Piracicaba é outra cidade que respira o agronegócio canavieiro, sem que haja grande participação direta das atividades rurais em sua economia. Dos R$ 8,8 trilhões arrecadados no município em 2008, somente 0,62%, ou seja, R$ 55 milhões foram provenientes das atividades do campo. Sede do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (SP), a cidade é referência internacional nos estudos da área agrícola e no desenvolvimento de projetos de pesquisa ligados a agricultura, especialmente voltada a cana. O município conta também com grandes empresas ligadas ao agronegócio, tal como a Raízen – maior empresa brasileira do setor, responsável pela produção anual de mais de 2.2 bilhões de litros de etanol, 4 milhões de toneladas de açúcar e 900 MW de capacidade instalada de produção de energia elétrica a partir do bagaço da cana – e a matriz da Dedini – que fabrica equipamentos para usinas e, atualmente, para o setor petrolífero, com o advento do pré-sal. Além da Dedini, o município que é o 15º maior exportador do país, reúne outras indústrias de insumos e equipamentos agrícolas e para usinas, algumas delas, multinacionais, como a Caterpillar e a Case New Holland, que oferecem vagas para engenheiros de diversas áreas (mecânicos, de produção, industrial, civil, mecatrônica), administradores, economistas, bacharéis em direito e em informática. A jornalista Marília Cury, 28 anos, faz parte da equipe de assessoria de imprensa de um dos maiores eventos do setor canavieiro, o Simpósio Internacional e