Passado o período mais crítico da crise econômica mundial desde outubro do ano passado, o setor sucroenergético volta a ser cobiçado, apesar de seus problemas internos, que se agravaram durante este tempo em que o crédito se tornou escasso. Os novos investidores, ávidos para se inserirem nesse setor, têm buscado injetar dinheiro e até mesmo fazer aquisições de forma direta ou indireta, ou seja, através de bancos e fundos de investimento. A diferença nesse momento é que há mais cautela para selecionar quais empreendimento receberão a aplicação ou que serão assumidos, assegurando o retorno e evitando os erros da época da euforia pelo “ouro branco”, como foi chamado o etanol. Altamente alavancado, atualmente, o setor passou a receber um maior suporte do governo nas esferas federal e estadual através de seus bancos, que vêm liberando somas importantes para o agronegócio. Além disso, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Social), que há tempos promete recursos às empresas, começa a dar sinais positivos de que irá finalmente liberá-los. Quase que diariamente, os jornais publicam demonstrações dessa nova fase de capitalização e aquisições. Alguns bons exemplos são:
– A Eco Agro Securitizadora que acabou de lançar papéis no valor de R$ 220 milhões;
– A francesa Louis Dreyfus associando-se à Santa Elisa Vale e à Rhodia, que tem trabalhado na aquisição de usinas com potencial de geração de energia comercial;
– A Cargill intensificando suas participações em usinas;
– Usinas tendo participações de diversas multinacionais, como Bunge, ADM, tradings e as japonesas Sojitz, Mitsui e Itochu, além de fundos de investimentos internacionais;
– Novos projetos de usina sendo financiados através do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, em um valor superior a R$ 260 milhões;
– Investidores da Ásia adquirindo empreendimentos em São Paulo.
O retorno desse interesse se deve principalmente ao potencial dos três principais produtos da cana-de-açúcar: o etanol, o açúcar e, principalmente, a energia elétrica. No caso do açúcar, o que tem movimentado as transações no momento é a falta de suprimento para atender à demanda mundial, já que a Índia, o segundo maior produtor mundial da commodity, deixou sua posição exportadora e agora importa o produto. Assim, os preços no mercado internacional têm se mostrado muito atrativos, e o Brasil, como maior produtor mundial de açúcar, encontra-se em uma posição favorável. Já o etanol e a energia são grandes apostas a médio e longo prazo, motivadas por questões ambientais. Há ainda as novas possibilidades de uso que vêm sendo pesquisadas e testadas, como a produção de plásticos a partir da cana. Todavia, terão direito a participar dessa nova e organizada festa aquelas empresas que possuem conhecimento e transparência de seus números, que tenham em mãos as condições e os motivos de diversos processos judiciais que fazem parte do setor e assombram investidores, principalmente os internacionais. Outra diferença das atuais negociações é uma maior clareza das possibilidades e do quanto realmente valem os empreendimentos, evitando as ilusões e os erros de muitos nos últimos anos.
Leaving behind the most critical period of the world economic crisis since October, the sugar, energy and ethanol sector is again desired, despite its internal problems, which have grown during these times of sparse credit. New investors, willing to get into this sector, have been giving money or even acquiring units in a direct or indirect way, which means they have been acting through banks and investment funds. The difference is that now there is more caution to select which undertakings are going to be chosen to receive the applications or that will be taken over, assuring then the return and avoiding the mistakes of the “white gold” time, like ethanol was called. Highly leveraged, the sector nowadays receives more support from the federal and states governments through their banks that have been releasing important amounts of money to the agribusiness. Moreover, BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Social (National Bank of Social Development), who has promised resources to the companies a long time ago, seems to be finally about to release them. Almost every day, the papers publish some clues of this new capitalization and acquisition phase. Some good examples of it are:
– Eco Agro Securitizadora has just released papers in the amount of R$ 220 million;
– The French Louis Dreyfus getting associated to Santa Elisa Vale and Rhodia, which has worked on the acquisition of plants with potential for commercially generate energy;
– Cargill intensifying its participation in plants;
– Multinational companies like Bunge, ADM, tradings and the Japanese ones Sojitz, Mitsui and Itochu, besides international investment funds having participation in plants;
– Projects of new plants being financed through the Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (Development Bank of the State of Minas Gerais), with a value above R$ 260 million;
– Asian investors purchasing undertakings in São Paulo.
The interest on the sector is back due to the potential of the three main products extracted from sugarcane: the ethanol, the sugar, but mainly, the electric power. What has been moving the transactions involving sugar is the lack of supply for the world demand as India, the second largest producer of this commodity, has changed its position from exporter to importer of the product. So, the prices in the international market have been quite attractive and Brazil, the largest world producer of sugar, finds itself in a quite favorable situation. On the other hand, ethanol and energy are bets for medium and long term, motivated by environmental issues. Researches and tests for finding new usages have been made, like the production of plastic from the cane. However, into this new and organized party, there will only be place for the companies which are transparent and aware of their numbers; those having in hands the onditions and reasons of the several lawsuits that are part of the sector, but scare investors to death, specially the international ones. Another difference in the current negotiations is a greater clarification of the possibilities and of how much the undertakings are worth, avoiding the illusions and the mistakes of the past years.
O setor caminha para organizar-se em grandes corporações e pequenos grupos familiares, mas administrados como grandes empresas
The sector moves toward the organization in big corporations and small groups controlled by families, but which are managed like big companies
Deixa-se para trás a ilusão de venda a US$ 100/t, somente para o parque industrial, pois, com certeza, os números relacionados a essas transações geralmente são divulgadas com distorções, sem detalhar os ativos envolvidos. Sendo assim, passa-se a discutir o real valor do empreendimento com todas as suas qualidades (parque industrial + lavoura + terras + infraestrutura de apoio + outros projetos), e por moeda Real, que, na conversão para a moeda americana, pode chegar até muito mais que US$ 100/t processada ou muito menos, como é a maioria dos casos. * Os sonhos do passado foram premiados com recuperação judicial, inadimplência nos pagamentos e projetos que estão ficando no meio do caminho por falta de capital.
As novas avaliações focam em até quanto se pode pagar pelo investimento nas suas atuais condições operacionais e de resultados, para que produza o retorno esperado pelo investidor, já que as mudanças estruturais para novos e melhores resultados serão feitas pelo novo proprietário. Deve-se planejar melhor a expansão e as associações com grupos que possam agregar resultados na diversificação de produtos e na geração de energia comercial. Por tudo que se apresenta, o setor caminha para organizar-se em grandes corporações e pequenos grupos familiares, mas administrados como grandes empresas. Ele será ajudado pela expectativa de quatro bons anos de preço, incluindo a safra atual, que poucos irão aproveitar.
There is no more illusion of sales at US$ 100/t just for the industrial park; surely, the numbers related to the last transactions have been divulged with distortions, not detailing the assets involved. Now, the real value of the undertaking is debated with all its qualities (industrial park + farming + lands + supporting infrastructure + other projects), and in Real (currency), which converting to the American currency can reach much more than US$ 100 per processed ton or much less, in most of the cases. * The prizes for the past dreams are the rehabilitative bankruptcy, breaches of contracts of payments and projects left behind due to the lack of capital.
New evaluations are focused in until how much somebody can pay for an investment on its operational conditions and its results, so that it can generate the expected return to the investors, once the structural changes for new and better results will be provided by the new owner. Expansions and associations with groups that can add results in the diversification of products and in the commercial generation of energy must be better planned. For all the reasons presented, the sector moves toward the organization in big corporations and small groups controlled by families, but which are managed like the big companies. The sector will be favored by the expectation of four good years of prices, including the current crop that few companies are going to enjoy.