ele, “se quisermos ter um melhor preço para o etanol, é preciso comercializar a gasolina pelo custo normal”.
Em um primeiro momento, a alta da gasolina permitiu uma pequena elevação nos preços do hidratado nos postos. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), na semana de 27 de janeiro a 02 de fevereiro, o litro da gasolina foi vendido no território nacional, em média, a R$ 2,772, enquanto o etanol hidratado era cotado a R$ 1,962. Na semana seguinte, o anúncio do governo refletiu nos preços que subiram 3,93% para a gasolina e 0,86% para o etanol, cotações médias de R$ 2,881 e R$ 1,979, respectivamente, por litro.
Com a gasolina mais cara, o preço do anidro sobe, consequentemente, o que o torna mais lucrativo, incentivando a produção deste tipo de etanol, em detrimento do hidratado. Com o aumento de sua mistura na gasolina, as unidades que o produzem devem novamente aumentar sua escala de produção, deixando a fabricação de hidratado ainda mais para trás.
Além disso, a adição de mais anidro a gasolina reduz os custos do combustível fóssil, tornando-o mais barato, o que mina, novamente o uso de hidratado.
Em breve, o novo pacote de medidas deve ser anunciado. Entre as medidas que vem sendo estudas está a redução de PIS/Cofins e de ICMS sobre o etanol.
O PIS/Cofins incidente sobre o etanol representa 3,6% do preço. “Embora insignificante, ajudará a melhorar os resultados do produtor”, afirma Pires. Ele explica que, “com a incidência de PIS/COFINS, a margem operacional mal dá pra reformar o canavial e sem esses impostos, pela simulação que fizemos, teria uma margem de R$ 1.800,00/ hectare para outros investimentos, como máquinas, veículos, etc, e ver se dá pra pagar a dívida acumulada de longos anos”.
Porém, se não houver também a redução do ICMS, que incide somente sobre o hidratado, novamente o anidro vai ficar ainda mais barato, levando a uma nova redução da gasolina, mesmo nos estados com incentivos fiscais, como Paraná e Goiás.
Na opinião de Jair Pires, da MBF, o ideal para valorizar o etanol seria a determinação da comercialização e distribuição do produto entre usinas e posto, com a criação de novas distribuidoras, administradas pelas unidades do setor sucroenergético, ou então da união de algumas, o que faria o combustível chegar mais barato ao consumidor, as quais poderiam ser vistoriadas pelo governo e pelo CONSECANA.
Se as coisas continuarem como estão, a tendência é que as unidades sucroenergéticas deverão se concentrar na fabricação de açúcar e anidro, que apresentam preços mais remuneradores. Para aquelas que não têm equipamentos para isso, ou seja, as que somente produzem etanol hidratado, o destino será o fechamento, pois não há recursos e nem crédito para investimentos em equipamentos que permitiriam a mudança de mix.