A recuperação dos preços induz muitas pessoas a acreditar que os problemas do setor sucroalcooleiro acabaram. Perigosos sinais de euforia apresentam-se ao mercado. O crédito está voltando ao agronegócio e, especificamente o setor sucroenergético está à frente dos outros na vitrine. Todavia, com a restrição de capital, não se permitem erros na aprovação do crédito. Também não se permite mais liberar crédito seguindo a onda do mercado, em especial para o setor sucroenergético, que teve a sua credibilidade manchada pelos pedidos de recuperação judicial, inadimplências, defaults e péssimos resultados nos últimos dois anos. Passada a pior crise do setor e acomodando-se à crise internacional, a recuperação dos preços do açúcar e do etanol traz novas oportunidades de crédito, porém bancos e fundos de investimento tornaram-se muito mais seletivos. O fato é que sinais positivos para o futuro não corrigem os números auferidos ao longo de décadas, com a maior deterioração registrada nas duas últimas safras.
“Com a restrição de capital, não se permitem erros na aprovação do crédito. Também não se permite mais liberar crédito seguindo a onda do mercado…”
Analisar os indicadores financeiros do setor inviabiliza qualquer possibilidade de investimento. Os índices de liquidez caíram muito, além de uma forte alta da alavancagem e, é claro, uma redução geral do EBITDA. Mesmo com a previsão de incremento do EBITDA para pelo menos as próximas duas safras, ainda sim os índices de alavancagem e liquidez mostrarão recuperação somente com o ano de 2010 encerrado. É importante salientar que já poderiam mostrar reação no encerramento de 2009 se a maioria das unidades, principalmente as que estão em dificuldade, pudessem aproveitar os preços elevados do açúcar e do etanol (a maioria já estava com a safra fixada ou vendida, quando ocorreram as elevações). Para conceder crédito ao setor, é importante olhar nesse momento muito mais para as subjetividades (caráter dos acionistas e gestores, capacidade de gestão e qualidade do produto, do campo até a indústria) e encontrar meios de garantir o recebimento, reforçando garantias e monitorando de perto a gestão e os resultados das empresas.
Monitorar resultados não garante o recebimento, mas deixa o credor mais perto da realidade na empresa tomadora, entendendo o que está ocorrendo, sugerindo melhorias ou até mesmo antecipando decisões que impactem o futuro do crédito da Cia.. Alguns casos preveem a utilização da empresa monitoradora também desempenhando uma função na gestão da Cia. e, nesse aspecto, a influência torna-se maior e o risco da operação diminui. Quanto às garantias, no momento, há um movimento para o uso de terras e equipamentos industriais, como asseguradores do crédito, mas talvez os produtos ainda possam ser utilizados (açúcar/etanol/cana) desde que bem estruturados e monitorados. O monitoramento desses produtos tem se mostrado falho nesse último ano, assim como a morosa ação da justiça, culminando em problemas na hora da execução. Voltando ao problema da liberação de crédito, se os fundos/bancos só liberarem recursos para números contábeis / financeiros bons, nem mesmo a “capa de revista” Santelisa Vale (agora LDC-SEV) será recomendada. Porém, a análise da influência da Dreyfus na gestão pode dar outra conotação ao fato. É por isso que mais pontos devem ser levados em consideração no momento da análise de crédito. Nos últimos anos, a MBF Agribusiness tem atuado na análise e na liberação de crédito, com seu trabalho de Diagnóstico Inicial (focado no processo de gestão e operacional) e consequentemente no monitoramento de resultados econômicos, operacionais e financeiros. A pedido de diversos fundos, desenvolveu mais recentemente os trabalhos de monitoramento agroindustrial (das garantias) e também de análise de crédito.
Na análise de crédito da MBF, voltada exclusivamente para o setor, além de todos os aspectos comumente analisados, elabora-se também o MBF Score, que produz uma