Quando se comenta sobre a qualidade da matériaprima, é importante salientar todo o processo de produção para atingir a eficiência desejada do açúcar e do etanol.
O caminho para a excelência começa pelo plantio da cana-de-açúcar que está distribuído em várias etapas de igual importância.
A análise do solo é o primeiro aspecto que se deve avaliar. Solos profundos e férteis, preferencialmente com maior intensidade pluviométrica, são os ideais para a canade-açúcar que, devido à sua rusticidade, também se desenvolve satisfatoriamente em solos arenosos e menos férteis, como os de cerrado.
O clima ideal para a cultura canavieira é aquele que apresenta duas estações distintas, uma quente e úmida, para proporcionar o desenvolvimento vegetativo, seguido de outra fria e seca, para promover a maturação e consequente acúmulo de sacarose nos colmos.
Relevo, muitas vezes é deixado para um segundo plano quando se analisa uma região para implantação de uma indústria de cana, tem, nos dias atuais, importância relevante com a criação de leis ambientais e suas inúmeras exigências, principalmente em relação às áreas de preservação permanente e reservas legais, além da queima da palha que merece maior apreço.
Por outro lado, canaviais em áreas com alta declividade tornam o investimento inviável, dependendo da região do empreendimento. Avaliadas as variáveis edafoclimáticas, inicia-se outra análise, a das variedades de cana-de-açúcar que serão cultivadas. O cultivo deve ser dividido em três tipos: precoce, média e tardia, e separada nas seguintes quantidades, respectivamente, 20, 50 e 30%.
Tendo a cana-de-açúcar um sistema radicular profundo, um ciclo vegetativo econômico de quatro anos e meio ou mais e uma intensa mecanização que se processa durante esse longo tempo de permanência da cultura no terreno, o preparo do solo deve ser o melhor possível e devem-se considerar duas situações distintas:
– A cana vai ser implantada pela primeira vez;
– O terreno já se encontra ocupado com cana.
É preciso verificar a necessidade de calagem e adubação através de análises químicas do solo. O calcário deve ser aplicado o mais uniforme possível sobre o solo.
A época mais indicada para a aplicação do calcário vai desde o último corte da cana, durante a reforma do canavial, até antes da última gradagem de preparo do terreno. Dentro desse período, quanto mais cedo executada maior será sua eficiência.
A adubação para a cana-de-açúcar ocorre em duas situações distintas: Para cana-planta, o fertilizante deverá ser aplicado no fundo do sulco de plantio, após a sua abertura, ou por meio de adubadeiras conjugadas aos sulcadores em operação dupla.
Para soqueira, a adubação deve ser feita durante os primeiros tratos culturais, em ambos os lados da linha de cana, através da tríplice operação (descompactação/ subsolagem, adubação e carpa mecânica/gradagem).
Em áreas próximas à indústria, há a complementação da adubação química/orgânica das socas pela aplicação de vinhaça, cuja quantidade por hectare está na dependência da composição química da vinhaça e da necessidade da lavoura em nutrientes.
Com tudo avaliado (questões edafoclimática, variedades, calagem e adubação), entra em cena o plantio propriamente dito. Existem duas épocas de plantio, sendo a principal denominada de “ano e meio” uma segunda hipótese denominada “cana de ano”.
O plantio da cana de “ano e meio” é o mais recomendado tecnicamente, pois permite um melhor aproveitamento do terreno com plantio de outras culturas, chamadas “cultura de rotação”. Em regiões quentes, como o oeste do estado de São Paulo, essa época pode ser estendida, desde que haja umidade suficiente.
A cana “de ano” é plantada durante o período de colheita (safra), sendo colhida na mesma época no ano seguinte. De modo geral, prefere-se a cana de “ano e meio” por possibilitar maiores rendimentos agrícolas.
É recomendado que se avalie tudo que foi descrito anteriormente, a qualidade da matéria-prima está intimamente ligada a todos os fatores apresentados. Exigir somente da indústria resultados satisfatórios sob a cana não é coerente, pois, para que a indústria obtenha excelentes índices, é preciso começar com um bom planejamento da lavoura.
Ressalta-se que o açúcar e o etanol estão “armazenados” na cana (lavoura), a indústria é responsável pela recuperação dos açúcares totais contidos na cana (ART), transformando-os em produtos acabados (açúcar/ etanol), além de transformar o bagaço da cana em energia limpa, tanto para o próprio processo quanto para comercialização.